segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Semana da Família que começou ontem, 08/08- domingo

Com a Semana Nacional, a Igreja quer, uma vez mais, salientar a importância da família, pois sabe que é fundamental um olhar atento dirigido à família, patrimônio da humanidade, que deve ser considerada “um dos eixos transversais de toda a ação evangelizadora” (Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, 2008-2010, n. 128). Na verdade, tudo passa pela família e para o ser humano tudo começa na família. É a primeira escola das virtudes sociais de que as sociedades têm necessidade e, devidamente estruturada, participa decisivamente no desenvolvimento da sociedade.

"Família formadora de valores humanos e cristãos". Este é o tema da Semana Nacional
da Família. Esta é a 14ª edição do evento e repete o tema do 6ºEncontro Mundial das Famílias, que aconteceu no México em janeiro de 2009.


A família, dentro do plano de Deus, é o lugar privilegiado para semear no coração do homem e da mulher os valores perenes, sejam eles espirituais ou civis. A vida e a história demonstram que é na família cristã, de pai e mãe com os seus filhos, que também se inicia a educação para o valor da vida, de cada vida humana, onde se aprende o valor da liberdade consciente, para o sentido da dor e da morte, e onde forma-se a consciência e as orientações para os verdadeiros valores da vida humana.

A família é chamada a construir o Reino de Deus e a participar ativamente na vida e na missão da Igreja. Os seus membros, formados pela Palavra de Deus, e com a ajuda da Sua Graça, são chamados a irradiar o espírito do Evangelho, tornando-se assim uma pequena porção viva da Igreja. Ela é testemunho e fermento cristão no seio da sociedade na medida em que os cônjuges vivam bem as exigências da sua vocação matrimonial.



O clima de amor, de concórdia entre os seus membros, entre pais e filhos, entre netos e avós, tende-se a irradiar nas relações da família com outras ao seu redor, e consequentemente se espalha no tecido social.



Mesmo no ambiente hostil em que hoje vive a família, e num clima de mudanças rápidas e constantes, os pais não podem abrir mão de uma boa educação para seus filhos, com confiança e com coragem, na perspectiva dos valores fundamentais da vida humana. É no seio da família que a criança de hoje e a pessoa responsável pela sociedade amanhã vai acolhendo as orientações fundamentais da vida. Muitas vezes os governos quiseram, e muitos ainda querem, substituir a missão dos pais nessa missão educativa fundamental com interesses de dominação das consciências com sérias implicações para o futuro da humanidade. Hoje, as propagandas, a mídia e as redes sociais também exercem uma poderosa influência na mente e comportamento das crianças e adolescentes, muitas vezes substituindo a família que deveria ser a grande formadora dos valores humanos e cristãos junto aos seus filhos.



Seria muito louvável que os membros da família pudessem dedicar uma parte de seus dias em convívio, para demonstrarem afeto e carinho uns pelos outros, pois o trabalho incessante e a correria do dia a dia muitas vezes minam as relações familiares. A atual conjuntura econômica leva os pais a viverem trabalhando fora para o sustento familiar, e assim retira-os desse convívio, deixando para outros a presença formadora no lar.



Neste tempo, um fator que preocupa inúmeras famílias é a questão da dependência química, seja pelo álcool, seja pela droga. A história atual de violência e desagregação pessoal e desunião demonstra que as nossas células sociais estão doentes. É essencial, neste caso, a busca do transcendente no seio da família, a vida com a abertura para a espiritualidade. A fé ajuda a descobrir, por si mesmo, a razão de uma existência e os porquês da vida.



Na atual mudança de época, as famílias perderam o hábito da oração. No entanto, a oração familiar é possível e necessária, especialmente hoje. O primeiro passo é que o casal reze, seja na participação na liturgia e na vida diária, passando pelo exemplo e pela palavra essa experiência aos filhos. As crianças aprendem a rezar quando veem o exemplo e começam a rezar com seus pais. Na família deve-se cultivar a presença de Deus no lar, aprendendo desde cedo a cultura e a linguagem religiosa e pouco a pouco conduzir os filhos à fé madura. A oração e os exemplos vistos e vividos pela criança como algo bom irão fazer parte da sua vida.

Fonte:Orani João Tempesta
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro-RJ