sábado, 24 de dezembro de 2016

QUEM ERA, AFINAL, SÃO NICOLAU ?

Quem era, afinal, São Nicolau?
Diferente de Papai Noel, São Nicolau realmente existiu. Nasceu em Patara no ano 270 d.C. e foi bispo de Myra, na Lícia (ambas na atual Turquia). Um dos primeiros santos do panteão cristão, sua figura está até hoje envolta em mistério, mas indícios arqueológicos mostram que ele realmente existiu. O seu nome faz parte de antigas listas dos participantes do primeiro Concílio de Niceia (ano 325), uma reunião de todos os bispos da Igreja cristã para se tentar chegar a um acordo quanto a divergências teológicas a respeito da natureza de Cristo.
Na falta de notícias históricas certas, os biógrafos reconstruíram a vida de Nicolau temperando-a com detalhes muitas vezes incongruentes retirados de outras vidas de santos. Filho único de pais ricos, parece que desde a juventude ele tenha manifestado os sinais da sua santidade: às quartas e sextas feiras, dias em que os cristãos deviam respeitar a abstinência prescrita pela Igreja, o pequeno Nicolau mamava apenas uma única vez. Ele não teve uma morte espetacular, como mártir, mas parece que faleceu de velhice, após poucos dias de sofrimento, entre os anos 345 e 352. E como fizera durante toda a sua vida, também depois de morto tomou a defesa da sua comunidade, presenteando os fieis com um óleo perfumado dotado de poderes miraculosos que, misteriosamente, escorria das suas relíquias. Elas foram conservadas na catedral de Myra até o século 11 (e tiradas de lá e levadas para a Itália por soldados da cidade de Bari em 1087).
Até os séculos 7 e 8, sua fama no entanto se limitava à região da Lícia. As coisas mudaram quando, na virada entre os dois séculos, diante do litoral onde fora edificado o seu santuário, bizantinos e árabes combateram pela supremacia marítima. Aconteceu então um salto de status: Nicolau tornou-se o ponto de referência místico dos marinheiros bizantinos e o seu protetor, transformando-se de santo local em santo internacional. Seu culto se expandiu ao longo das rotas marítimas do Mediterrâneo, chegando a Roma e a Jerusalém, a Constantinopla, à Rússia e ao resto do Ocidente. No século 9 se difundiu na Alemanha.


Santo salvador de crianças
Paralelamente se desenvolveu uma sua biografia definitiva, “enriquecida” de novos episódios que não fazem parte da sua história original. Um dos episódios mais famosos é a história das três mocinhas, particularmente difundida entre os séculos 9 e 12: comovido pela sorte de três jovens que o pai pretendia vender para a prostituição, durante três noites seguidas Nicolau fez chegar a elas, através de uma janela semiaberta, saquinhos contendo moedas de ouro. Essas moedas seriam o seu dote, para que as três fossem aceitas em casamento. Essa história deu a Nicolau a fama de generoso doador de bens, bem como a de patrono das virgens e a de garantidor da fertilidade.
Foi a relação especial que Nicolau tinha com as crianças que acabou de consagrar a sua fama de santo benéfico. Conta-se que certa noite três meninos pediram hospedagem em uma pousada. O dono e sua mulher os acolhem com aparente boa vontade. Mas a verdade é que acabara a carne na dispensa da pousada, e para refazer o estoque, os proprietários decidem matar os três rapazes a machadadas e colocar os corpos na salmoura para conservar. Ao final do massacre, São Nicolau bate à porta e pede um prato de carne. Como o dono da estalagem se recusa servi-lo, Nicolau se dirige à dispensa e retira da salmoura os três jovens: todos eles vivos e sadios. Essa lenda circulava sobretudo nas escolas eclesiásticas e nos seminários onde, no dia 28 de dezembro, era celebrada a Festa dos Inocentes, uma festividade de origem que, como tantas outras, fora incorporada ao calendário litúrgico católico. Na ocasião, os estudantes e seminaristas elegiam o “pequeno bispo”, que presidia os festejos e distribuía presentes.


Esses festejos, que preservavam muitos aspectos das saturnálias pagãs dos romanos, atingiram o seu ápice no século 16, quando começaram a incomodar as autoridades da Igreja. Mas Nicolau continuou a sobreviver nas escolas e nas casas graças às crianças, que continuaram a festeja-lo e a receber os seus presentes.
Até hoje, a história e a devoção a São Nicolau permanece viva

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